A ASCENSÃO DOS ROBÔS COLABORATIVOS EM SUPPLY CHAIN

Paulo Roberto Bertaglia

Autor do livro: Logistica e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento

INTRODUÇÃO

Indústria 4.0, transformação digital, automação e robótica são alguns elementos que têm ganhado corpo nas organizações. Sabidamente, a quarta revolução industrial acompanhada de soluções tecnológicas importantes vem gerando efeitos na cadeia de abastecimento. Muitas empresas vislumbram a perspectiva de aumento de produtividade, redução de mão de obra, diminuição de falhas operacionais, agilidade e a redução de absenteísmo. Contudo é importante entender como pessoas e robôs podem trabalhar colaborativamente e em que funções. A tecnologia tem evoluído rapidamente e trazido potenciais soluções às organizações de tal maneira que se torna um viabilizador importante no contexto industrial. Já convivemos com tecnologias convencionais que de certa forma integram os vários sistemas de chão de fábrica ou chão de depósito, capturam dados, controlam estoques, geram relatórios, expedem produtos para citar algumas funções. Mas a tecnologia pode ir e vai além. Somar as forças entre a máquina e o ser humano é algo que já está se transformando em uma realidade escalável. É sobre isso que eu gostaria de refletir neste artigo.

MAS O QUE SÃO OS ROBÔS COLABORATIVOS?

O robô colaborativo é um dispositivo projetado para trabalhar conjuntamente conosco – seres humanos. Mas qual a diferença entre o robô colaborativo e o robô industrial? Por razões de segurança os robôs industriais, trabalham de certa forma isolados e mantendo distância de pessoas para evitar quaisquer tipos de acidentes. Os robôs colaborativos são comumente chamados de “cobots” que é a uma contração proveniente do inglês usando as palavras “collaborative” mais “robots”. E o robô colaborativo é projetado para apoiar os funcionários oferecendo segurança e flexibilidade além de ser programado por pessoas.  Um estudo realizado por pesquisadores do MIT – Massachussets Institute of Technology dos Estados Unidos demonstrou que equipes formadas por pessoas e robôs eram 85% mais produtivas do que as pessoas ou os robôs isoladamente. Este percentual, bastante elevado por sinal, mostra a importância do trabalho conjunto entre funcionários e empregados.

O ROBÔ COLABORATIVO EM SUPPLY CHAIN

As oportunidades da aplicação de robôs colaborativos na cadeia de abastecimento são muitas e inclui principalmente as operações em manufatura e nos centros de distribuição. Muitas empresas olham atentamente para estas possibilidades uma vez que segurança, agilidade e melhor eficiência são fatores importantes para a vantagem competitiva em um ambiente mercadológico onde os desafios são enormes e os clientes e consumidores são mais exigentes.

Ainda que estejamos trazendo este tema para torná-lo um debate mais democrático, a Amazon já vem utilizando os robôs em seus armazéns há muitos anos. Em 2017, a Amazon já usava mais de 100.000 robôs para realizar as tarefas de “picking” e paletização.  Aliás, importante mencionar que as atividades que demandam esforço físico, tanto para levantar cargas como para movê-las, são mais propensas à automação. Outras empresas, como exemplo a DHL também utiliza robôs em suas operações. Algumas organizações, como medida preventiva, separam as áreas de atuação dos robôs dos seres humanos, criando as famosas gaiolas operacionais. Contudo existem soluções onde os robôs são equipados com funcionalidades para reduzir suas velocidades quando detectam pessoas ao redor.

Por outro lado, tecnologias voltadas para os drones também são interessantes na aplicação principalmente da logística. Através de leituras via RFID – Radio Frequency Identification – a gestão de estoques e a contagem física podem ser realizadas de uma forma mais automática e evitando que pessoas precisem subir em mesas elevatórias, escadas ou “garfos de empilhadeiras” – para fazer as contagens. Sim, muita gente ainda usa o garfo da empilhadeira para fazer contagens. Espero que sua empresa não faça isso!

O FUTURO DAS OPERAÇÕES COM OS ROBÔS

Algumas empresas, e mesmo muitas startups, têm avançado significativamente nas soluções robóticas que permitem que robôs possam sugerir novos arranjos físicos no armazém trabalhando conjuntamente com funcionários. Esta perspectiva de prestar atenção nos movimentos dentro do armazém ou mesmo no setor de manufatura permite que um trabalho conjunto entre o homem e a máquina seja realizado. Células de trabalho podem ser melhoradas com estas observações. Operações perigosas, tóxicas ou em ambientes com poeira, que não são adequadas à saúde humana podem ser realizadas pelos robôs.

Mas…sempre tem um mas, existe uma preocupação com a empregabilidade. E enquanto muitas empresas buscam a cooperação entre funcionários e máquinas, uma eminente perda de emprego torna-se um fantasma que circunda os colaboradores principalmente aqueles que executam algum tipo de atividade conectada ao esforço físico. Discussões calorosas ao redor deste tema tem estado presente em todos os lugares, empresas e mídias. Não há dúvida de que há a substituição de mão de obra. Senão a conta não fecha. Por isso é importante prestar atenção ao nosso redor se nossa função não será substituída por um homem ou mulher de ferro. E aí entra a preparação e antecipação. Educar é fundamental.

CONCLUSÃO

Gostaria, para concluir, de trazer alguns pontos para reflexão. Já estive em fábricas no exterior, há cerca de 20 anos atrás, onde as linhas de produção eram totalmente automatizadas, principalmente setores alimentícios e farmacêuticos para evitar contaminação. Eram, no entanto, implementações caríssimas. Hoje, a acessibilidade a tais soluções, ainda que restritas, já se tornaram mais acessíveis tanto em desempenho quanto em custo.

Embora as empresas principalmente do setor automotivo equipem supply chain com robôs, em 2016 a Mercedes Benz caminhou na contramão e se livrou dos robôs implementados, alegando que os produtos altamente customizados e individualizados de suas fábricas colocavam em xeque a produtividade dos robôs. O tempo para reprogramar o robô a cada mudança de produto era muito grande, o que o tornava improdutivo.

Muitas funções podem ser substituídas por robôs. E não apenas dentro das empresas em funções operacionais. A Amazon já testa formas para gerar livros para o Kindle baseado em robôs escritores utilizando inteligência artificial. Principalmente nos EUA existe falta de motoristas de caminhões. Sabemos que o veículo autônomo está se transformando em realidade. Testes para serviços postais e entregas de produtos e cartas já estão em franco avanço. Agentes de telemarketing também é um outro espaço importante a ser ocupado pelos robôs. Ok. Creio que divaguei um pouco. Mas acho que valeu refletir sobre este assunto e trazer a minha contribuição. 

No final, o que vale para utilizar tais soluções passa por um exercício importante de avaliação de cenários olhando não apenas a perspectiva da modernidade, mas principalmente das vantagens tangíveis e intangíveis que podem existir. Cada indústria tem seu supply chain e cabe sim esta avaliação. Um supply chain não é igual ao outro mesmo que concorram entre si.  E para você que reflete conjuntamente neste pequeno texto há que concordar que estudar continuamente é algo que não podemos deixar de fazer.

Ao infinito e além. Que a força esteja conosco. Estou no Linkedin. Me procure por lá e vamos trocar ideias. É sempre saudável! Você me acha neste link:  https://www.linkedin.com/in/paulobertaglia/ e me acompanhe também na Prosa com Bertaglia, o meu canal do Youtube: https://bit.ly/3BKHjJM . Nos vemos por aí; no mundo virtual e quem sabe no presencial.