NÚCLEO DE ESTUDOS DE TECNOLOGIA E SOCIEDADE

Responsáveis:

Prof. Dr. Emerson Freire

Profa. Dra. Sueli Soares dos Santos Batista

 

Pesquisadores:

Profa. Ms. Adriana Perroni Ballerini

Prof. Dr. Célio Aparecido Garcia

Prof. Dr. Enrique Viana Arce (Fatec Americana)

Prof. Dr. Francisco Del Moral Hernandez

Profa. Dra. Ivanete Bellucci Pires de Almeida (Fatec Sumaré)

Profa. Dra. Juliana Augusta Verona (Fatec Itu)

Profa. Ms. Luciana Ferreira Batista

Profa. Ms. Marianna Lamas Ramalho

Prof. Ms. Mário Lamas Ramalho

 

 

Surgido em 2008, o Núcleo de Estudos de Tecnologia e Sociedade – NETS, a partir de 2009, ampliou o seu campo de atuação, tanto em relação à participação de alunos, quanto ao envolvimento de mais professores. Assim foram formuladas e desenvolvidas as seguintes linhas de pesquisa: a) Educação Tecnológica no Brasil: especificidades e perspectivas; b) Cultura e Tecnologia; c) Inovação Tecnológica e Empreendedorismo e d) Paisagem e Mobilidade Urbana.    

Ao longe destes anos, houve um aprofundamento considerável nas leituras e discussões sobre as linhas de pesquisa e um detalhamento progressivo dos estudos em torno delas.  Assim é que nos apropriamos de conceitos como tecnocultura, politecnia, emancipação e educação unitária para analisar a história e as perspectivas da EPT e conseguimos perceber a conexão entre os desafios da formação para o trabalho desde o final do século XIX até os tempos atuais (CUNHA, 2000; FRIGOTTO, CIAVATTA, RAMOS, 2005). Fomos também capazes de avaliar a potencialidade estratégica, inclusiva e emancipatória da EPT através de suas diretrizes legais e práticas comuns (BRASIL, 1974; GADOTTI, 2000, 2014).

No que diz respeito aos fundamentos históricos e filosóficos da EPT, fomos amadurecendo a ideia de que é necessário conhecer os pressupostos da filosofia da tecnologia e história das relações entre educação e trabalho. Estamos, gradativamente, consolidando o pressuposto de que a relevância de uma instituição como o Centro Paula Souza, herdeira e continuadora de uma promessa de inclusão e transformação social através da educação, precisa ser considerada quanto à produção de conhecimento sobre a EPT,

Iniciando as atividades de docência na Fatec Jundiaí, rapidamente, diagnosticou-se a seguinte situação: os alunos tinham pouca ou nenhuma experiência de pesquisa, com precária orientação quanto os fundamentos da pesquisa científica e tecnológica, bem como quanto às discussões mais aprofundadas sobre as relações entre cultura, tecnologia e sociedade. Era comum o interesse dos alunos da Fatec Jundiaí quanto à relação entre cultura e técnica na Sociedade da Informação. Mas, os trabalhos decorrentes deste interesse, comumente, eram de caráter descritivo, constatando e relacionando informações relevantes, mas de pouco valor analítico, sem que se percebesse a vasta gama de oportunidades formativas e profissionais que este interesse pode gerar.

Observamos a necessidade dos alunos superarem a situação de mera ilustração sobre as temáticas para uma incorporação real no seu processo de formação acadêmica e profissional, participando deste debate, seja continuando suas pesquisas em nível de pós-graduação e/ou buscando novas oportunidades de colocação profissional neste universo em constante transformação.

Percebemos que sob a égide da preparação para o mercado do trabalho, da defesa da empregabilidade e do acesso às novas tecnologias, não se pensava, não se problematizava, se quer se sabia minimamente dizer o que é mercado de trabalho, o que é empregabilidade, o que é tecnologia. Começamos a diagnosticar o quanto a oposição entre formação acadêmica e formação profissional, conteúdos técnicos e formação humanística e a dissociação entre ensino, pesquisa e extensão pode ser nociva, justamente, para esta formação que tanto se quer.  Partimos, então, do pressuposto da necessidade de uma formação acadêmica possível na Sociedade da Informação que privilegiasse a aproximação com o mundo do trabalho e com as necessidades socioculturais, políticas e econômicas dos indivíduos e coletividades. Estes estudos e discussões deram origem a duas publicações em que docentes do Centro Paula Souza e de outras instituições puderam expor e discutir problemas e avanços de pesquisa (ALMEIDA, BATISTA, 2012; BATISTA, FREIRE, 2015).

Os docentes da Fatec Jundiaí, integrantes do NETS, observaram que havia, na Instituição, um interesse crescente dos alunos nas particularidades da relação entre cultura e tecnologia na Sociedade da Informação. As temáticas e questionamentos relativos a estas particularidades são, sem dúvida, fundamentais na formação do tecnólogo, contribuindo não só para o crescimento intelectual como também para sua atuação profissional. Ao longo do tempo, foram surgindo monografias e alguns artigos científicos produzidos a partir de estudos sobre arte e tecnologia, letramento na cibercultura, propriedade intelectual, comunidades virtuais, hipermídia em geral e sobre a própria formação do tecnólogo. Estes estudos tiveram como fundamentação teórica textos de Benjamin (1984, 1985, 1986), Simondon (1989), Morin (1994, 2001), Moraes (2007), Bauman (2008) e Castells (1972, 1999, 2003, 2014)

Em seu primeiro relatório, os membros do NETS afirmavam que:

Embora a oferta e o valor social da formação tecnológica no Brasil cresçam atrelados ao fenômeno mundial da necessidade de mão-de-obra especializada, temos que considerar que é de outro conceito de especialização que se trata: uma formação mais voltada ao exercício profissional e que tem o papel de aproximar sociedade, governo  e empresas num esforço de capacitação e aprimoramento intelectual e profissional dos cidadãos que não dispensa a reflexão e uma visão crítica deste processo do qual todos fazemos parte (NETS, 2008).

Além da jornada de trabalho, percebemos que existiam outros entraves para a estruturação e consolidação do grupo. Entre estes problemas, a dificuldade que até hoje se apresenta: o não cadastramento do grupo de pesquisa no CNPQ devido a questões institucionais, a despeito da vasta produção acadêmica e tecnológica dos seus membros.  Destaca-se como dificuldade, também, a carência do financiamento das pesquisas e bolsas de iniciação científica e tecnológica.

Os estudos, atividades e publicações só foram e estão sendo possíveis por conta da atuação de alguns professores vinculados ao Regime de Jornada Integral (RJI) e articulados com a estruturação do NETS.    Vários alunos e professores nos procuram com diferentes demandas que, na medida do possível e dos objetivos previamente traçados, vão sendo consideradas e encaminhadas no formato de grupos de trabalho, iniciação científica e orientação de monografias. A partir de 2009, iniciamos os trabalhos relativos ao RJI na Fatec Jundiaí. A partir de então foi possível caminhar de maneira efetiva quanto ao propósito do NETS e as suas linhas de pesquisa.

As estratégias adotadas foram estimular a iniciação científica entre os alunos de Graduação com temáticas voltadas à relação entre Tecnologia, Cultura e Sociedade para que houvesse não apenas a difusão de informações pontuais, mas preparação de nosso corpo discente para as demandas mais recentes para a sua formação profissional e intelectual. A partir da pesquisa permanente, pretendeu-se propor projetos interdisciplinares entre as disciplinas dos cursos oferecidos pela Fatec-Jundiaí para possibilitar não apenas uma integração entre as disciplinas, mas uma formação acadêmica e profissional mais condizente com o dinamismo da sociedade.

No que diz respeito às relações contemporâneas entre cultura e tecnologia é necessário estudar, sugerir e construir estratégias de atuação do tecnólogo tendo em vista o contexto de uma cultura digital, dinamizada pela internet e pela sociedade em redes.  A linha de pesquisa Cultura e Tecnologia tem sido, desde o início do NETS e da nossa atuação no RJI, a mais fecunda das linhas de pesquisa sob a perspectiva dos interesses dos alunos que vivenciam e percebem novas e revolucionárias formas de interação social, de produção e difusão do conhecimento com as tecnologias disponíveis.

Isso reflete o percurso de pesquisa interdisciplinar em que as discussões sobre as tecnologias e sua utilização são mediadas por abordagens filosóficas, históricas e psicológicas nem sempre acessíveis à formação de nossos alunos, o que torna este desafio ainda maior quando se analisa a composição das grades curriculares dos diferentes cursos tecnológicos.  Mas com esta linha de pesquisa, acreditamos estar a caminho do que indicam as diretrizes curriculares quando enfatizam a formação para uma leitura ampliada do mundo e a renovação da relação entre formação geral e cultura do trabalho.

Há que se efetivar, cada vez mais, uma formação que não dissocie a perspectiva humanística-cultural e a pesquisa permanente no âmbito da EPT. Faz parte, neste contexto, das atividades do NETS a realização de eventos como o Encontro de Tecnologia e Cultura, a organização do Centro de Memória e as publicações semestrais da Revista Eletrônica de Tecnologia e Cultura, existente desde 2010.

Mais recentemente o NETS, agindo de maneira articulada com a pós-graduação do Ceeteps e outras Fatecs, com as quais tem participado de algumas ações e eventos relacionados ao patrimônio histórico, como foi o caso do I Seminário Internacional de Gestão do Patrimônio Cultural, ocorrido no primeiro semestre de 2018 na Fatec São Roque.

O NETS tem atuado conjuntamente com o Programa de Extensão e Cultura da Fatec Jundiaí promovendo os estudos relacionados ao projeto institucional intitulado “Cidades Sustentáveis: qualidade de vida, cultura e tecnologia”.

 

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