DESMISTIFICANDO A INDÚSTRIA 4.0

Paulo Roberto Bertaglia

O mundo tem sofrido fantásticas transformações.  Em todos os segmentos. Na Medicina, nos negócios, na educação, no entretenimento e na forma com que as pessoas se relacionam umas com as outras. E a tecnologia tem sido o grande viabilizador destas possibilidades desempenhando um papel extremamente relevante nessa transformação. Desde os primórdios o homem tem buscado alternativas para desempenhar as suas atividades. Suas buscas, redundaram em importantes descobertas desde a pré-história até os momentos atuais. A descoberta do fogo iluminando as cavernas escuras e mesmo permitindo cozinhar a carne dando um sabor diferenciado a caça foi uma notável conquista do ser humano.

Darwin inteligentemente percebeu que o ser humano com a habilidade e a capacidade de se adaptar ao meio ambiente teria uma vantagem sobre aquele que era mais forte. A lei da sobrevivência, ao longo destes anos todos, tem servido como elemento-chave para que o homem possa superar a outras espécies e a si próprios para se manter na concorrência que desde os primórdios sempre existiu.

Dando um salto significativo na história do homem, exploremos o nosso tema da Indústria 4.0, denominação esta surgida na Alemanha e que se baseia na automação das organizações incluindo robôs, internet das coisas, computação em nuvem, conectividade e uso intensivo de dados. No mundo dos negócios até o século 18, a produção era extremamente manual, com pouco ou quase nenhum apoio de equipamentos. Isso pode ser observado nas minas de carvão e no cultivo das plantações. A isso denominamos Indústria 1.0. Na sequência com o advento das máquinas a vapor e produção em série nos voltamos para a Indústria 2.0. A indústria 3.0 culmina com os circuitos integrados e já com grande avanço da tecnologia. Contudo nos dias atuais tal transformação tecnológica e digital leva as empresas a um outro estágio que denominamos Indústria 4.0 onde o uso da tecnologia de uma forma apropriada leva a uma condição de competitividade extremamente poderosa.

Fundamentalmente nasce na sociedade conceitos particularmente importantes apoiados em Inteligência Artificial, robótica, redes sociais e capacidade de armazenagem de dados e comunicação nunca antes vistos. Dados e informações são elementos cruciais na era em que vivemos. Aparelhos antes essenciais para manter uma função secundária como é o caso da televisão e do rádio passam a não ter a mesma importância de outrora.   Os aparelhos mais inteligentes passam a ser mais atrativos devido a mobilidade e acessibilidade que os mesmos oferecem além das funções de vídeos, fotografias, socialização, mensagens entre tantas outras não menos importantes.

Essa mudança radical provocada pela tecnologia muda a forma como pessoas e organizações se comportam.   Desde a maneira como irão divulgar os seus produtos até a forma como irão precificá-los e como irão reutilizá-los para proteger o meio ambiente.

E a Indústria 4.0 nada mais é do que o uso intensivo e inteligente da tecnologia para planejar, comprar, fabricar e entregar produtos, subprodutos ou componentes. Dentro deste contexto as partes se conectam e usam os dados para gerar informações que são extremamente úteis tanto no ambiente da manufatura como no ambiente de serviços.

Na conjuntura que estamos abordando, falar de Indústria 4.0 ou de internet das coisas que são conceitos similares, leva a um objetivo essencial onde as organizações entendem o uso da tecnologia e aplicam adequadamente para a vantagem competitiva.

Do conceito Indústria 4.0, derivações vão acontecendo e se fortalecendo e sofrendo denominações mais específicas como Manufatura 4.0, Supply Chain 4.0 e Logística 4.0.

No contexto da supply chain (cadeia de abastecimento) muitas empresas têm buscado posicionar-se na vanguarda através da otimização dos custos, agilidade dos serviços, visibilidade dos estoques e melhor serviço ao cliente.

Muito se comenta sobre as iniciativas visionárias da Amazon, Volkswagen, Microsoft, Walmart e mesmo a Apple buscando posicionar suas cadeias de abastecimento para melhor atender às suas necessidades e objetivos estratégicos. O Brasil ainda engatinha, pois, os investimentos têm sido baixos. E em meio à crise as empresas buscam conter os gastos. Mesmo assim já temos situações reais como é o caso da Volkswagen do Brasil que aposta na Indústria 4.0 em busca de competitividade, possibilitando tomadas de decisões mais rápidas.

Dentro do aspecto logístico, uma das funções críticas enfrentadas pelas empresas é a visibilidade dos estoques ao longo da cadeia de abastecimento seja no armazém, centro de distribuição ou nos próprios modais de transporte, envolvendo caminhões, trens, navios e aviões.  É traumático para muitos gestores, administrar as operações, sem possuir em tempo real a informação do abastecimento do produto na gôndola ou a entrega a um consumidor final através de canais especificamente montados para tal finalidade.

O comércio eletrônico, em sua essência, tem demandado cada vez mais que os fluxos de produtos, informações e financeiros sejam monitorados eficazmente. Aliás, considero que o comércio eletrônico pelas suas necessidades tem feito com a que a tecnologia cada vez mais seja aplicada à logística, para torná-la mais competitiva.  Hoje a tecnologia permite a administração destes estoques ao longo da cadeia e a posição geográfica em que se encontram.  Sem dúvidas há que se avaliar o nível de investimento a ser feito.

Nós seguiremos explorando nos próximos artigos o tema do Supply Chain 4.0, trazendo alguns exemplos importantes. Ainda que seja um tema pouco debatido no Brasil, lentamente está alcançando adeptos, ao menos conceitualmente. A adoção será uma questão de tempo. É a lei da sobrevivência.

Nos encontramos neste canal na próxima oportunidade e que a força esteja contigo!